
Foto: G1
Na zona rural de Bujari, no Acre, a luta pela educação se desenrola em um cenário inesperado: um antigo curral. Em 2025, essa estrutura improvisada se tornou o único espaço onde as crianças e adolescentes da comunidade do Limueiro podem estudar, apesar das adversidades.
Todos os dias, Janaína Costa, de 16 anos, enfrenta uma jornada de uma hora a cavalo para chegar à escola. Com um olhar esperançoso, ela compartilha seu desejo por melhorias: “Eu espero que termine a escola, que tragam transporte, né?” Essa busca por alternativas é um reflexo do comprometimento dos alunos com seus estudos.
A precariedade do ambiente é evidente. Thiago de Andrade, também de 16 anos, descreve a realidade enfrentada: “Esse sol aqui, daqui a mais uma horinha, vai estar dando na cara de todo mundo. Porque não tem parede, né? E pra completar, não tem assoalho. É pé no chão. É terra. Se chove, mela.” As condições adversas tornam cada dia uma verdadeira batalha pelo aprendizado.
Graciele Amorim é a única professora que se dedica a turmas de diferentes séries nos dois turnos. Além das aulas, ela também prepara a merenda escolar. “Venho de manhã e só saio às cinco horas”, conta Graciele. Sua dedicação é admirável diante das circunstâncias desafiadoras.
Kayanny de Souza, de 13 anos, faz o trajeto até a escola a pé com sua irmã gêmea e uma amiga. Em meio às tarefas diárias, ela traz leveza à rotina: “O recreio é isso aqui,” diz rindo enquanto varre a cozinha e lava as panelas. Seu sonho é ser veterinária.
A água utilizada na escola vem da casa de um vizinho. “Senão a gente ia ter que carregar água sabe Deus da onde,” explica Kayanny sobre a escassez desse recurso essencial. O banheiro improvisado conta com uma descarga que funciona com baldes, refletindo as condições precárias.
De acordo com o governo do Acre e a prefeitura de Bujari, os alunos foram deslocados para o antigo curral devido à dificuldade em acessar a escola-sede, localizada a 10 quilômetros dali. Contudo, ao visitar essa sede, a equipe encontrou problemas estruturais: o carro atolou duas vezes durante o trajeto e ao chegar lá, encontrou a escola fechada com funcionários apenas realizando limpeza. Dois dos três banheiros estavam interditados e havia livros sujos e paredes descascadas.
A rede educacional nas áreas rurais do Acre funciona por meio de uma parceria entre estado e municípios. Rocilda Gomes, coordenadora da rede e esposa do prefeito de Bujari, expressou sua oposição ao retorno das aulas no anexo após as férias: “É preciso garantir condições adequadas para nossos alunos.”
A realidade das crianças estudando em um antigo curral em Bujari é um retrato da luta pela educação em condições dignas no Brasil. As vozes dos alunos e educadores clamam por melhorias urgentes e por um futuro onde todos possam aprender em segurança e conforto. Que essa situação inspire ações concretas e mudanças significativas na educação rural.